a minha DEPRESSÃO | Dona Endorfina

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Mais uma vez, mais um texto sobre a minha depressão.

O que mais me surpreende não é eu falar pela 3 vez em depressão nesse site, mas sim, ainda ter de defender a depressão como sintoma, como transtorno psíquico, como algo real.

Não é raro ouvir/ler que “depressão é falta de roupa pra lavar” ou “depressão é frescura”, dentre tantas outras falas absurdas e babacas que nem vou citar aqui – que relaciona depressão a status social, rico e pobre, gay, etc.  e ver que a depressão ainda é tratada com frieza e descrença por muitos, ao invés de ver a seriedade do problema, é o que  entendo – não entendo mas acaba justificando um pouco – a vergonha dos pacientes de tricotilomania, ou compulsividades em geral em pedir auxilio, ajuda ou apenas dizerem que estão doentes.

Como não pedir ajuda em um mundo em que já existem matérias em revistas conceituadas, entrevistas como médicos importantes e respeitados, provas científicas de que depressão deve ser tratada?

A sua insegurança em se expor, sua vergonha em dizer que é portador desses transtornos mentais é justificável mas cada vez que um paciente com depressão, tricotilomania, transtorno de ansiedade, fobia social, pânico de sair de casa, agorafobia, e qualquer outro transtorno comumente chamado de “mania” por ai, cada fez que um paciente desse cala com medo, menos se descobre sobre como se tratar, menos apoio temos da família, amigos, companheiros, filhos, etc. Mas essa era só minha forma de explicar que entendo seu medo/vergonha de não querer parecer maluco na sociedade porque frequenta psiquiatra e psicólogo.

Entendo mas não compreendo, e então voltemos à minha depressão.

Sempre sinto que minha energia vai baixando, tento fazer as coisas gostosas do dia, coisas que amo fazer e elas vão ficando pra depois do almoço, depois de limpar o banheiro, quando voltar do médico, quando terminar esse tratamento dentário… começo a não querer sair da cama, tomar menos banho (ou nem tomar), comer menos comida, perder a hora de almoçar porque detonei uma barra de chocolate inteira e estou enjoada, não ligar para a sujeira da casa, pular a roupa suja espalhada no banheiro por dias, me alimentar de macarrão cru direto do pote, fazer a janta quase na hora do rafa chegar e lavar a louça para parecer que fiz algo, perder a energia…

Dentro dessa explanação toda sobre a minha depressão, acredito que o ponto principal é a vontade incontrolável de ter de estar na cama , de fazer tudo correndo pra voltar pra ela.

Na época me que saia pra trabalhar, era contar as horas de voltar pra casa, me castigar por estar na rua, e fora da cama, comendo muito doce até enjoar de novo e, quando chegar em casa: CAMA! Tão sonhada cama.
Sem banho, sem nada.
Estar ali sem pensar em nada ou driblando pensamentos negativos de morte.

Depressão trás essa questão do pensamento em morrer:

A solução pra mim é morrer. Aliás, isso seria ótimo pra minha vida e para não aborrecer mais ninguém com essa minha merda de vida.

depressãoAcho que nunca me matei até hoje por ser cristã, por ter conhecimento do castigo católico e do castigo Kardecista para os suicidas. Então me embriagava de remédio para dormir e diminuia meu sofrimento – diminuindo meu dia dormindo horas, acordando e tomando outro remédio, dormindo o restante do dia em looping.

Minha última crise, que me prendeu em casa sem banho e sem alimentação direito foi em 2010, quando comecei tratamento medicamentoso contra a minha depressão – tratamento com antidepressivos administrados durante o dia e de 2010 até 2014 (dezembro de 2014) eu usei essa medicação, e essa data de “parar” de tomar tarja preta pra depressão veio com minha entrada no tratamento do Hospital das clinicas de São Paulo. E eu não “parei” de tomar os remédios, eu fui retirando eles aos poucos com a orientação da minha neuropsiquiatra – médica que administrava eu tratamento antes das Clínicas.

Com a medicação tirada, suavemente, dia após dia, estou sem nenhum antidepressivo desde então. Até porque, nas minhas consultas no Hospital das Clínicas, o psiquiatra achou por bem, no meu caso, manter sem e ver a frequência com que as crises de depressão viriam e se viriam.

A primeira crise, após a retirada da medicação veio em dezembro de 2016, clique aqui para assistir o vídeo que conta a minha saga para lutar sem remédios, e foi assim. Vi que é complicado, difícil, árduo, arrastado, irritante, bruto, desesperador… mas foi possível! Foi possível encarar a crise sem remédio antidepressivo. Mas também só foi possível por ter um psicólogo que me acompanha semana, por ter me tratado desde os 13 anos e por ter controle, ou melhor, mais acesso às minhas faculdades mentais hoje em dia após tanto remédio pra depressão, pra ansiedade, antipsicóticos, etc. e não aconselho a você encarar sozinho uma crise de depressão.

Aconselho que vá ao psiquiatra, que tenha um terapeuta ou psicólogo.
Aconselho que inicie o tratamento e a medicação, por que daqui, só posso dizer que um dia, com esse apoio que você se dará hoje se tratando, daqui uns anos estará mais forte e mais mentalmente fortalecido para se encarar e mandar essa depressão calar a boca. Vai ser um briga feia, mas uma briga possível!

Se trate!depressão

Se cuide!

Remédios tarja preta costumam deixar sonolento, com vertigens e tonturas, sensação de boca seca, lerdeza ou tudo isso ao mesmo tempo por 9 à 15 dias. Caso esses sintomas persistam após 15 dias, volte e sempre consulte seu médico quanto a dosagem e quantidade diária da medicação.

Desistir da medicação sozinho, desistir do médico, desistir de se tratar é desistir de você mesmo.  É desistir de sua qualidade de vida e felicidade!

Já procurou ajuda hoje?

 

 

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