RECAÍDA – 365 dias longe das crises

RECAÍDA – 365 dias longe das crises

arquivo 2016

Um ano longe da recaída – 365 dias longe das crises de compulsividade.
Não vou falar só da tricotilomania, pois mesmo estando sem ter recaídas (de arrancar cabelos), eu também consegui manter meu peso, meu manequim 44.
Esse manequim que em muitas lojas é plus size, mas para mim, é o manequim de menos 20kg, muito trabalho e reeducação alimentar. Então, aqui, vou abraçar – 365 dias – longe de todas as minhas crises de compulsividade.

 

Um ano longe das crises. Sem crises e recaídas, mas dessa vez, não vou dizer que estou curada e para falara  verdade, nem quero estar! Durante esses 365 dias eu descobri que quanto mais lutamos e buscamos uma CURA acabei dando muito valor, dando muito atenção ao que viva dizendo que não queria ter. Não sei se consigo me fazer entender mas, descobri que lutar contra algo pode ser o famoso “soco em ponta de faca”.

“Eu não quero ter tricotilomania”, “eu queria tanto levar uma dieta até o fim”, “eu queria ter cabelo normal igual a todo mundo”. São frases que repeti muito na minha vida e na verdade, estava sempre reforçando o lado negativo, empoderando o fracasso e acreditando no que não iria acontecer. O que na verdade é só dar poder demais ao que não deveria ter poder.

É a mesma coisa que não gostar de uma pessoa e viver falando dela.
Você conhece alguém que se separou, que passou o resto da vida falando do ex?
Pra que se separou, se ia continuar dando voz e poder, relembrando do ex todo dia, para cada pessoa que encontrar?

recaída

youtube.com/donaendorfina

Não te parece que esse tipo de situação, na verdade é, dar poder e domínio à algo que você não quer ter, não que ser?

RECAÍDA – 365 dias longe das crises

Nesses 365 dias, os últimos 90 dias foram os mais importantes para mim, e digo porque: a vida foi dando errado como eu temia desde a infância em alguns aspectos. Os sonhos do que eu queria ter e ser foram caindo com peças de dominó, e fui acumulando mágoas, fracassos pessoais e sentimentais, e, principalmente econômicas.

Posso te garantir que jurava que fazia tudo certo mas o mundo… Ah, o mundo… ele estava conspirando contra mim. E foi nessa época que me coloquei como vítima da realidade pela primeira vez na vida!

esta tudo dando errado! Não sei como tudo isso aconteceu na minha vida! Eu lutei tanto para mudar minha vida, porque estou nessa situação hoje?

Então, vem comigo nessa mudança! 

Em um ano eu me coloquei em cheque mate varias vezes, me pus a prova, sabe? Ouvi dizer que  realidade existe e que nós que não conseguimos ver mundo como ele realmente é.

Eu sentia raiva de tudo: da casa que estava, dos barulhos ao redor durante todo dia (trem, ônibus, caminhão, helicóptero, avião, buzina, freada, moto,etc.), sentia raiva de ter voltado passos culturais e sociais que eu me jurei jamais voltar a ter… mas, se você me acompanha há algum tempo, sabe que tenho um vídeo em Roma onde agradeço a Deus pela possibilidade de viver aqueles momentos lindo, mas de não me sentir merecedora deles.

Não me sentir merecedora de minhas conquistas foi limitando elas. A compulsividade é um agregador de culpa em meus dias, pois cada vez que falho, sou vitoriosa em me sentir mal comigo mesma. É como se o corpo vivesse esperando para não ter sucesso e, a cada sucesso, a punição, sentimento de culpa ou de não merecimento.

As etapas desses meu ano sem recaídas esta quase pronto no meu primeiro e-book, livrinho básico – e gratuito, que vou disponibilizar gratuitamente em breve – um pequeno manual pessoal dos meus passos nesse grande ano. Grande e dolorido!
Mas, foi valioso!

Resumidamente, eu aceitei os desafios de ser quem eu queria ser. Aceitei meus defeitos, olhei nos olhos deles e descobri que podem existir sim, que eu posso ser reacionária, brava, briguenta, falar auto, responder as pessoas de maneira grosseira, sim! Sim, eu posso! Mas se isso não me fazia bem, era porque não queria ser assim todo tempo.

Ser você mesma é ter acesso aos seus sentimentos todos, viver a tristeza e raiva, a euforia e ansiedade mas, tudo no seu tempo certo e não todo dia. Raiva existe e deve haver, nos momentos de injustiça.
Cultivar por dias um sentimento desses, seja até mesmo a alegria, pode não ser saudável. Já imaginou estar em velório rindo e contando piadas? Pois já fiz isso!
Eu deixei os sentimentos viverem minha vida, quando sou quem deveria usufruir deles em seu momento, pontualmente, cada um deles.

Vivemos em mundo de regras, onde a mais perigosa delas não é ser magra ou sociável.
O Padrão de comportamento e moda são brutos e pesados mas, a regra de ser feliz é um grande castigo para nós! E não, não quero dizer que viver em depressão seja normal. O que quero te alertar é que existe uma gama de sentimentos em escalas altas e baixas de sensações, e que ser feliz todo dia é só um recorte das fotos das redes sociais. Algo queremos tanto mostrar que acabamos esquecendo de realmente somos, ou o que realmente precisamos.

Falando de mim, eu sou a pessoa sem grupos de whatsapp – nem da família, pois se são realmente da família e me amam como tal, que respeitem meu limite de não estar o dia todo com celular na mão recebendo notificações. Não ter essa quantidade de notificações, foi um grande passo de respeito às minhas reais necessidades.

Era a pessoa que passava o dia odiando pessoas e coisas, essa casa que me encontro hoje. Mas, vamos aos fatos, se eu odiar essa casa e passar os dias vivendo com ódio, apenas viverei com ódio, alimentando mágoas e outras frustrações que surgirem nesse período de tempo, em que terei de viver aqui.

Aprendi que cultivar raiva, ódio e mágoa, relembrando injustiças e coisas que deram errado na minha vida, por todo dia, horas do dia, apenas torna meus dias piores e que sem isso, vivendo com mais paz, eu posso ter qualidade de vida enquanto tento mudar o rumo do que não gosto ser/ter/estar. E, dentro dessa percepção nova, meu mundo mudou como um todo.

Eu ainda quero sair dessa casa mais do que tudo, mas, desde que me limpei de ruminar – de alimentar esses sentimentos dentro de mim em ciclos diários– eu melhorei meu casamento, meu cachorro, minha casa, nossos projetos de casal, de vida e o melhor, um grande sonho de quase 10 anos está para se realizar! E esse sonho você vai conseguir acompanhar comigo, dia após dia em alguns meses. Tudo mudou tanto que sou capaz de dizer que somos a energia que depositamos em nossos dias, casa, relacionamentos e vida.

Nesses 365 dias longe das crises e recaídas, eu passei por crise de identidade, de relacionamento, de casamento, de família. Passei por crises de abstinência, de raiva, de descontrole emocional e TPM longuíssimas. Passei por terremotos financeiros, planilhas de gastos, controle de grana. Foram muitos e longos dias, com muitos problemas e dilemas mas, como a maioria das pessoas, tive problemas e cabelo na cabeça.

De maneira nenhum estou me comparando com as pessoas. Sei que eu arranco cabelo e como compulsivamente em crises de transtorno de ansiedade, mas também sei que não estou sozinha. Cada ser humano hoje tem seu descontrole, mas o nosso é esteticamente visível. São alcoólatras, ciumes, drogas, compras, feridas, sexo, limpeza, raiva, e tantas outras crises compulsivas que existem no mundo… somos todos iguais! Não existem mais “normais”.

Posso te garantir que não existem mais os ditos “normais”. Minha teoria é de que existem 2 tipos de pessoas no mundo hoje:
* As pessoas que sabem esconder seus dilemas e fingir normalidade
* As pessoas que aprenderam a se amar, se respeitar e a viver melhor consigo mesmas: em paz!

Eu sou Sílvia,
sou portadora de transtorno de ansiedade e venho me conhecendo melhor, cada dia mais. E, é assim que a opinião alheia deixa de ser fator relevante na vida.
Conhecendo seus limites, seus direitos, seus afazeres, seus sonhos, suas raízes, suas vontades. Vivendo ao máximo o dia de hoje, porque o dia de hoje acontece todo tempo, e é a melhor fase da sua vida: agora!

Como vou controlar minha compulsividade?
Me fazendo útil para mim e para os meus, agora!

Como vou mudar meu futuro?
Estudando e trabalhando muito, agora!

Como vou mudar minha realidade?
Me amando, tendo tempo para mim, agora!

Porque agora é todo o tempo que temos para viver!

Quais são as suas reais necessidades?

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