Me sinto RIDICULA, Horrivel e Mediocre.

Me sinto RIDICULA, Horrivel e Mediocre.

No vídeo do Diário de Tricotilomania Dia 02 eu disse o quanto me sentia ridícula, horrível e medíocre.

Quantas vezes já não me senti assim? Você sabe quantas vezes eu tentei e não consegui? Você imagina o quanto é difícil me dar esses adjetivos?
Eles saíram de dentro do meu coração pois é assim que eu me sinto toda veze que passo na frente de um espelho. Toda vez que acho que estou pronta mais ainda falta colocar a peruca!

Eu me sinto bonito 90% dos dias. Tem dias que nem me importo com minha aparência calva mas nos dias que eu me olho e exergo a tricotilomania dentro de mim, é como se visse ela dando tchauzinho lá no pretinho dos meus olhos. No segundo seguinte meus olhos perdem o foco e só enxergo a calvície que me encontro.

Que situação Ridícula!

Como eu sou ridícula!!

Porque diabos não consegui controlar minhas próprias mãos?

Como não consigo para com isso?

 

A verdade é que ter me achado tudo isso faz parte do primeiro passo do processo de culpa que nos afeta após arrancar muitos cabelos, após uma crise. Parece que a tricotilomania tem muitas fases e se repete parecido para tantas de nós. Tem a gelara que insiste em dizer que arranca do nada mas não acha que arrancar “do nada” é muito confortável?

Parar de arrancar cabelo depende só de nós e passamos boa parte da vida acreditando que “se tivesse tido apoio eu teria conseguido”, “se tivesse um remédio eu teria parado ha muito tempo” ou “eu arranco porque minha vida é ruim” mas clássica resposta é “eu arranco cabelo do nada”. Será que dá para imaginar que o ta do nada seria a hora em que estamos sozinhos com nossos pensamentos mais profundos?

Primeiro a sensação de precisar arrancar. Eu por exemplo chego a passar dias imaginando o cabelo saindo da cabeça e raiz perfeita. As vezes me pego fazendo o movimento de arrancar, de mãos baixas, pelas ruas indo trabalhar. Naquele momento eu só queria estar livre para arrancar um fiozinho… um fiozinho, só um!

Segundo achar a pinça, só preciso achar a pinça. Se eu achar a pinça e souber onde ela esta fico bem! Só pra saber onde elas esta e dai me acalmo. Sei que não vou arrancar. Só preciso saber onde esta a pinça pra eu me acalmar e fim. Na terceira fase eu ja estou procurando só os brancos. Não vai fazer! Todo mundo arrancar os cabelos brancos e vou arrancar também!

A quarta parte do processo sou eu controlando onde poder arrancar, a quinta parte sou eu secando os sanguinhos que saem de algumas raízes, a sexta parte é a que já estou negociando o ultimo fio, a ultima raiz e por fim, me olhar no espelho quando finalmente depois de horas me dei conta que a falha esta imensa, não tem como esconder mais.

Não acaba por ai pois então inicio a grande etapa da culpa de ter me feito isso, por ter perdido mais uma vez e por colecionar fracasso com a tricotilomania. Olhar no espelho e ver a si mesmo e o mostro que se fez mal! Mas espera, hoje eu sei que não fui eu quem arranquei, foi minha ansiedade ou minha raiva, então, porque ainda estou me culpando de ser ridícula?

Na minha recaída eu arranquei cabelo pois tenho um vilão pessoal e foi por isso. Não quero falar desse vilão pois ele é uma pessoa viva de verdade. Uma pessoa que não vou culpar por hoje mas sempre me lembrarei de tudo do passado. Uma pessoa perdoada e que hoje mantenho no meu limite da intimidade para que eu me mantenha saudável e controlada. Mas quando a tricotilomania vem em dias que conversei com ninguém?

Minha tricotilomania vem me encarar muito em dias de entregas, dias próximos a entregas de trabalhos, textos, projetos, mas não ataca em véspera de reuniões ou entrevistas. Na semana da minha entrevista no Programa Encontro com Fátima Bernardes eu senti angustias, arritmias, pressão mas não arranquei. A vontade de arrancar nessas fases fica contornável, mas, dia 13 de setembro, o dia depois da entrevista as coisas ficaram piores! O controle ficou no limiar de perder a cabeça e começar a arrancar!

Na minha cabeça, cabeça doente, fica sempre aquela voz dizendo “só unzinho… só um e você parar”. Ceder a esse um é reescrever todo processo ai de cima mas na hora em que eu escuto essa voz me parece nítido que é sim só um. Que eu vou precisar só de um e que vou controlar a vontade depois. Pensa comigo aqui: se eu não conseguir controlar essa voz, essa vontade de só um, como vou controlar a vontade que vem depois depois desse 1 arrancado?

Acho que é por isso que me sentia ridícula e medíocre. Me sentia como a tricotilomania queria que me sentisse!
Escrevo esse desabafo no dia 21 de setembro, meu 20 dia do Diário de Tricotilomania, estou forte na luta pelo controle mas queria que você soubesse que sou tão doente e tão dolorida quanto você! Quero sofrer menos ms cada dia que passa tentando me controlar nesse Diário de Tricotilomania é um dia arrastado e ardido. Um dia de merda, com falta de ar e boca salivando por um raiz que meus pensamentos a todo momento fazem eu pensar, imaginar e querer.
As vezes me sinto em estado crítico e quero gritar e bater algo mas te garanto que quando risco um dia mais no controle do calendário a felicidade e paz são maiores do que a antiga sensação de puxar um fio perfeito.

Espero conseguir mais dias e o mais importante: espero conseguir seguindo esse autoconhecimento. Conhecer seus pensamento e sentimentos é estender a mão a si mesmo e se sentir culpada, ridícula, horrível e medíocre por muito mais que 1 dias spo vai piorar ainda mais meu quadro, minha depressão e força.

Como você se sente?

Assista aqui: o Diário de Tricotilomania Dia 02

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