Diário de Tricotilomania – Dia 01

Diário de Tricotilomania – Dia 01

Difícil imaginar que não vou mais arrancar cabelo

 

Hoje é sábado, dia 02 de setembro. Dia em que eu resolvi acordar mais tarde e ficar um pouco mais de preguiça na cama.

Deitada me enrolando entre o edredom e lençol, trocando de travesseiros (porque sim, tenho dois), passeando entre as publicações dos amigos pelo Facebook, acabei caindo em um vídeo que fala de tricotilomania e WOW! Vídeo de tricotilomania no facebook? Claro que deu play!

Sou muito crítica e já tinha visto que seria um vídeo profissional, então logo eles usaram modelos para “puxar seus fios” de cabelo e cílios. Sim, eles não sabiam puxar como uma pessoa com tricotilomania puxa. Eu não pego uma pinça para sentir dor. Quando eu pego uma pinça é para que ele me traga o prazer que só um fio de cabelo puxado perfeitamente pode me dar. Só de imaginar agora… só de pensar no fio branco (o mais perfeito para o momento) brilhando antes de eu puxar ele seguido de uma certa resistência para sair que vai fazer de mim uma superespecialista pois essa resistência vai precisar da puxada certa para que esse fio saia de uma vez, com raiz e com aquele sanguinho lindo. Todos de uma vez.

Uma raiz perfeita? Aquela bem gordinha e as raízes dos cabelos brancos compondo o fio de uma maneira longilínea. Raiz pesada que pendurada na pinça quer tombar ao chão de tão carnuda.

Existem vários tipos e causas do que chamamos de tricotilomania e nesses 31 anos em que a minha me acompanha eu conheci muitas histórias. Algumas envolviam abusos sexuais, outros abusos psicológicos, separação dos pais, mas eu aprendi a ver a tricotilomania como sintoma. Digo que cada um tem seu veio de explodir algo maior que nos aflige e afeta bem dentro do peito. Aquelas emoções que não temos nem ciência de que estejam em nós quanto mais que estejam nos afetando tanto a ponto de explodir em descontrole. Quando eu arranco um cabelo com a perfeição que descrevi aí acima eu mordo essa raiz e e a guardo, seguindo de secar o sangue que sai desse poro aberto em tudo que estiver ao meu alcance e que, melhor do que tudo nesse mundo, em locai que eu possa ver outros dias.

Isso faz com que eu passe dias assustada com a quantidade de pontinhos pretos dos meus edredons, por exemplo, como tem dias que sinto um prazer enorme em relembrar aquele momento em que um fio de cabelo retirado de maneira perfeita gerou aquele pontinho de sangue, também perfeito.

Quando comecei a achar essas “raízes perfeitas” fui dando um destino para elas e cada ano, ou cada evolução do meu quadro, essas raízes acabavam terminando na boca, mas de maneiras diferentes.

Nunca comi nenhum cabelo, isso se chama tricotilofagia, mas passar a raiz nos lábios, ou morder a raiz sempre foram um dos pontos altos do transtorno. As vezes passo o dia imaginando que quando chegar em casa vou poder arrancar um cabelo e me prometo que vou arrancar eles todos com muita calma para poder curtir muito cada fio! É como comprar um pacote de bala ou chocolate que você mais ama e saber que vai acabar, daí então você já se programa para comer vagarosamente e ter mais tempo com o aquele quitute que tanto aprecia. Acho que nunca tinha escrito isso com tanta veracidade, mas acredito que o intuito seja alcançar o motivo que me fez entrar em parafuso dia 02 de setembro com o tal vídeo.

A crítica aos modelos forjando estarem arrancando cabelo foi ignorada assim que eu consegui avaliar o conteúdo ótimo, a mensagem que vinha junto com a imagem falha. Explicar a tricotilomania é excelente, mas conforme tudo ia batendo verdadeiramente comigo e meu sentimento, a última mensagem dizia que a tricotilomania é incurável e se você procurar bem aqui no blog você vai achar outros textos meus falando que é incurável. Incurável, sem volta, impossível, inalcançável, insuperável… que triste essas palavras.

Meu cérebro reagiu a esse vídeo como se alguém tivesse me limitado e olha, taí uma coisa que eu odeio mais que gente fazendo barulho para comer que é me limitar. Que é dizer o que eu vou ou não fazer. Que é me dizer que eu vou ficar nessa condição e esse é meu destino.

Meu destino que fez e quem faz sou eu, e se você chegou aqui nessa leitura eu recomendo u vídeo que fala mais dessa minha personalidade no Canal Dona Endorfina no Youtube intitulado: “ 50 fatos sobre mim”.

Romper com o destino e mudar o rumo da minha vida sempre foi meu prato favorito e meu destino certo!

Mudar só depende da gente. Me mudar só depende de mim!

O que você precisa fazer para mudar de vida?

Força na Peruca, amigos! #ForçaNAPeruca

Assista o VLOG: Diário de Tricotilomania Dia 01

endorfina

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3 Comentários

  • Luana

    Sofro com a tricotilomania há mais de 12 anos…. muitos momentos difíceis e dolorosos… couro cabeludo sangrando e inchado…. chorei muito ao te ver no encontro pois nunca havia visto alguém me descrevendo tão bem em relação a isso… vi ali sendo dito minha história…minhas inúmeras crises.

    14/09/2017 até 12:13
    • endorfina
      endorfina

      Oi Lua! Tudo bom, querida? Nossas história se tocam muitas vezes! Força pra você! Esse Blog e o Canal do Youtube foram pensados exatamente para alcaçar mais pessoas, que como eu, sofrem demais com a tricotilomania e demais transtornos de ansiedade e Impulso. Força pra você! #ForçaNaPeruca

      17/09/2017 até 15:53
    • endorfina
      endorfina

      Oi lua!! Como vc esta hoje? Meu couro cabeludo tb sangras mas é quando eu arranco. Muitas vezes vem junto com a raiz! Infelizmente tratar a tricotilomania depende muito mais de nós que de um medicamento hoje dia. E mesmo tomando remedios precisamos afazer nossa parte!!
      Desejo muita força pra vc! QUe vc consiga se ver livre disso logo!
      Espero que o blog e canal no youtube também possam te ajudar mais!!
      Muitos beijos pra vc!!

      29/09/2017 até 22:09
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