Fechando mais um ciclo!

Fechando mais um ciclo!

Acabou!
Mas não vai deixar saudade, e sim muito ensinamento pra colocar na vida e a certeza de que a Tricotilomania tem controle e cura. A certeza de que a remissão de sintomas vem do controle da ansiedade que aprendemos a lidar e a conviver sem remédios para ansiedade, a liberdade de dizer não ao que me incomoda e o que não me deixa viver livre e feliz todos os dias, a certeza que existe depressão, tristeza e dor no meu passado e que se eu não mudar a vida hoje, amanhã tudo isso ainda existirá em mim.
A equipe Edson e Enilde fizeram de mim um ser humano menos complexo, me ensinaram estratégias de conviver comigo mesma e todas as incertezas da vida. Eu casei, viajei, estou mudando o rumo da vida sem sofrer crises agudas de ansiedade e dando um passo de cada vez sem atropelar nada e ninguém, incluindo a mim mesma.
Ainda arranco cabelo, as vezes, muito pouco. Talvez 3 ou 4 fios sexta antes do casamento mas, instantaneamente a mão se corrige, o cérebro manda parar e logo esqueço que ia arrancar mais cabelo e sigo fazendo o que eu ia fazer, como usar o computador, assistir uma série ou planejar uma vida nova.
Não acredito mais que a tricotilomania seja incurável, até porque a doença não é a tricotilomania. Ao meu ver, e em todo processo que fiz desde abril de 2015 é que a doença eram todas as correntes que eu arrastava da vida antes de chegar até aqui, hoje, querendo ser feliz e ainda citando as torturas da infância pra justificar aos 35 anos fracassos. Aos 35 anos você é adulto e dono das suas decisões, então, se deixar uma dor de 1989 atrapalhar seu 2015, de certo a tricotilomania estaria em mim em 2016, por exemplo.
A tricotilomania é um transtorno do impulso, mas esse impulso se dá através de um start. Um instante, um pensamento que liga o impulso e arrancamos cabelo. É uma resposta!!! A tricotilomania é a resposta dos maus tratos de 1989 e se eu não tivesse me libertado do tal dia de 1989 – dia que minha mãe queimou meus dedos pra eu parar de arrancar cabelos- eu teria ficado mais careca ainda dia 24/10/2015 – dia do meu casamento. E o que aconteceu? Aconteceu que minha mãe estava livre pra fazer meu bolo, meus doces, meus bem casados e livre pra me agradecer por estar vivendo aquele momento, estavamos livres pra nos amar e a mesma mão que me queimou passou 4 dias na cozinha transformando meu dia em um grande dia!
Não sei se perdoei ela, apenas deixei o passado no lugar dele: no passado.
Como que consegui controlar a ansiedade?
Sabendo que todos tem ansiedade e nem todos arrancam seus cabelos.
Um passo de cada vez, sempre.

Como consegui planejar um casamento sem arrancar nenhum fio?
Resolvendo uma coisa de cada vez. Um dia pra cada tarefa.

Como consegui perdoar quem um dia te fez mal?
Abrindo mão do sentimento que te faz mal e se libertando de um sentimento que de fato não lhe pertence.

Como eu consegui superar tudo isso?
Me permitindo!!
No meu caso, só funciona me tratando. Deixando o coração e mente aberta pra cada dia que tive que ir no Hospital das Clínicas falar de mim e de tudo que tava sentindo de verdade.
Eu aprendi que não tem como entrar numa sala e dizer que queria a cura da tricotilomania porque as pessoas imaginam que vão a terapia falar de tricotilomania e ela sai de você ou que vai existir um remédio que pare sua mão, quando na verdade a tricotilomania é reflexo dos seus sentimentos agrupados, amarrados, ruminando dentro de você. Foi assim comigo e eu melhorei. Melhorei e me aperfeiçoei em mim mesma. Convivo comigo todo dia e aprendi que eu sou quem vai decidir viver ou me esconder. Posso sentir pena de mim ou ir a luta. Eu decido continuar me tratando e descobrir mais de mim que nem eu mesma, em 35 anos sabia que existia.

Eu fui a luta e digo que aqui fora, livre, o mundo é bem mais interessante, todo dia!

Obrigada Edson e Enilde e toda Equipe do PRO-AMITI Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso e obrigada a mim mesma por ter me permitido, numa fase onde já achava normal ser como eu era.

GEDC0298

endorfina

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4 Comentários

  • Dilva Pereira

    Amei Silvia.. Parabéns! … viva um dia de cada vez e seja feliz mto feliz

    09/11/2015 até 09:34
    • endorfina
      endorfina

      Oi, Dilva!!! Querida amiga!! Obrigada. :*

      21/06/2016 até 23:17
  • Ca

    Olá, tenho acompanhado a sua tragetória já faz algum tempo. Gostaria que pudessemos conversar a respeito da TTM e do seu tratamento no HC. Estou participando do processo de triagem, quinta-feira vou para a segunda consulta com o psiquiatra, mas queria sabe melhor a respeito da sua experiência, como foi o tratamento pra você e se gerou resultados, as vezes fico meio sem esperança, me sinto sem forças, e a cada ano que passa eu me senti ainda pior.

    05/01/2016 até 13:19
    • endorfina
      endorfina

      Demorei mais voltei!! Oi!!!!

      Vc se tratou? Estava no ultimo grupo onde dei meu depoimento?

      21/06/2016 até 23:16
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