Seus limites estão em você!

Seus limites estão em você!

Acordei hoje com aquela sensação de que sair da cama seria impossível e creia, é! Como estamos mudando os cômodos da casa para nos ajustarmos melhor ao pandemônio que faz, (e que vive, e que são) os vizinhos da casa de cima a sala virou quarto, quarto sala-escritório, etc. Acordei imaginando como seria me manter deitada na cama, já que a cama esta no meio da sala atravancando, atualmente, todo o progresso.

Bom, tudo isso por uma causa muito justa, minha saúde mental.

Pode ser difícil pra que alguns de vocês entendam mas, hoje curar minha depressão é mais importante que curar a minha doença de arrancar cabelo. Esteticamente falando ser careca não é pior do que ter uma vida pra viver e não conseguir sair da cama por motivo de sono, medicação ou impotência mesmo.

Imagina ser impotente contra uma doença que pode ser enxergada como “preguiça” de viver?

Eu vejo pessoas se declarando bipolares e chocólatras certa de que elas não fazem ideia do que seja de verdade ser psiquiatricamente doentes. Ter transtorno de bipolaridade deve ser algo muito diferente do que não saber o que quer da vida ou ser indeciso mas, estavamos falando da minha depressão certo? Eu sou doente de verdade e é como se meu espírito ficasse mil vezes mais pesado na hora que sou acometida pela depressão.

Eu, mesmo esteticamente não aprovada socialmente, não deixei de viver nada em minha vida. Careca, de peruca, de aplique, de presilhas, de bandana ou de trancinhas sempre fui muito (muito mesmo) amada pelos amigos, querida e desejada por homens e mulheres. Sempre tive namorados, amores, tórridos romances e tudo mais que eu vejo as pessoas “normais” (leia-se pessoas que não  arrancam seus cabelos) reclamando que não tiveram na vida.

A tricotilomania apenas me tirou os cabelos e nada mais. 

A tricotilomania é uma doença que amarra o afetado. O doente de tricotilomania se pune, se tranca, se fere e é só ele quem sofre com a doença em si enquanto a depressão arranca a sua vida de você diariamente.

Entenda que a tricotilomania nunca me fez deixar de viver nada enquanto a depressão me rouba dias, meses, enfim… deixei de viver por vontade própria. Desânimo, tristeza, angústia e agonia numa troca de papeis frequentes em segundos, estalos de segundo.

Uma dor de cabeça pode ser mantida, administrada  por um dia inteiro pois é uma frequência e, em alguns casos  esquecemos dela por minutos. Os sintomas da depressão não te deixam esquecer que eles estão ali, todos, lutando pelo seu corpo. Lutando pra te derrotar.

Resumindo:  eu venci por hoje essa doença e o dia terminou mais produtivo do que eu imaginava, sendo assim, pra um doente de depressão em tratamento isso significa que eu venci.  Terei de viver toda minha vida com essa doença então, como um vizinho barulhento, melhor que eu consiga abafar alguns de seus transtornos em minha vida.

Como anda o seu convívio com a sua vizinhança?

 

endorfina

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3 Comentários

  • Faah Bastos

    O mundo anda conspirando uma eterna sensação absurda de depressão, tenho dito. Acredito que, não sei se estou realmente certa, mas acredito que andamos aglomerando classificações para esconder as verdadeiras deficiências, nossa normalidade nos entristece. Talvez por isso se assumir bipolar, insana por isso ou aquilo, louca por algo, doente e coisas do tipo, são apenas formas de diagnosticar que no fundo, somos vazios, normais e não possuímos nada de excêntrico, e o fato de mantermos tão normais, porém nossas vidas mergulhadas no tédio, nos forçam a acreditar que somos mais incapazes do que as pessoas que realmente estão depressivas, com suas doenças, vencendo um pouco a cada dia, tais como essas vitórias diárias, compreende? Chego a acreditar que somos pobres, tão pobres que nos tornamos patéticos. Queremos nos desenhar cheios de conflitos que motivem a nossa falta de vivacidade, mas somos tão medíocres que é a nossa falta de criatividade que nos prende ao vazio dos nossos dias, ao passar de horas sem vitórias históricas.
    Deprimente, não é mesmo?
    Você me enriquece, não de forma óbvia, não porque tem uma doença e assume com todas as forças, mas porque me ensina, tal como uma irmã mais velha (sendo que desconfio termos quase a mesma idade). Você me fascina por ter uma inquietude que arranca as barreiras da minha normalidade, e percebo que ser quem sou, absurdamente oposto ao que tantos acreditam que de fato eu sou, e assim me sinto bem. Você transparece algo que não se pode limitar numa junção (mesmo que poética) de consoantes e vogais, isso seria pobre demais. E é exatamente esse algo indefinido que lhe faz maior do que propriamente a sua doença, a depressão… Talvez eu esteja exagerando, mas ao meu ver, você venceu a depressão, você a encontrou, batalha dia e noite, claro, recaídas são inquestionáveis, porém, essa é a sua vitória: a força em enfrentá-la, e saber que mesmo sua inimiga, ela só terá forças para lhe derrotar quando você derrotar a si mesma, e atualmente, não consigo enxergar prelúdio algum da sua desistência.
    Obrigada, Sil, por mais uma leitura que elevou-me.

    17/08/2012 até 17:11
  • endorfina
    endorfina

    Só posso eu agradecer suas palavras Faah!!
    Sábio daquele que sabe ler, e não estamos falando de analfabetos mas sim daqueles limitados e cansados da vida. Fracassam tanto todo dia que acabam por não nos entender e assim nos rotular de algo “doido” no mundo.
    Quer saber? Sou feliz! Como disse no twitter: Não espere que sejam feliz por vc se eles não conseguem ser feliz com eles mesmos.
    Felizes somos nós duas que nem nos conhecemos e torcemos uma pela outra. Simples assim!!

    17/08/2012 até 17:20
  • Faah Bastos

    Verdade, Sil. Tem uma razão imensa ao pensar assim, e concordo. Rita Lee nos entende: “Dizem que sou louca
    Por pensar assim
    Se sou muito louca
    Por eu ser feliz
    Mas louco é quem me diz!
    E não é feliz!
    Não é feliz…”

    17/08/2012 até 17:28
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