Sim temos vergonha de sermos nosso próprio carrasco!

Temos vergonha de não conseguir parar!

Temos vergonha de tentar justificar às pessoas o porquê temos essa mania e são tantas as perguntas de tantas pessoas que cansa inventar tanta resposta. Eu queria te dizer que as suas perguntas me encostam na parede, me sufocam, me fazem ver que sou doente, que me mutilo e me sinto fracassada por não conseguir me controlar diariamente.

“Já ta crescendo?”  e pois bem!! O meu cabelo cresce SIM e eu os arranco, fio – a – fio e um por um!

Só que essa não e a resposta que a sociedade quer ouvir. E mais do que isso, essa não é a resposta que uma pessoa doente e atormentada por essa doença quer dar as pessoas. Não é uma simples resposta e sim uma condenação! Não queremos dizer que temos tricotilomania simplesmente porque não queríamos ter essa compulsão.

O que eu quero dizer mais do que tudo nesse post é que mais do que não querer ser como somos é que acabamos por nos esconder por uma vida inteira e muitas de nós da própria família.

Hoje em dia as pessoas acometidas de cancer já não andam mais de lenços ou perucas por ai, claro que esteticamente muitas recorram a esses apetrechos  mas vamos aqui ver um grande exemplo que foi ovacionados esse ano: Reynaldo Gianecchini

Enquanto a crítica ainda apontava que o ator vivia de imagem ele surgiu completamente careca perante as cameras. Livre, desimpedido, valente e humilde. Conseguiu até algumas publicidades para fazer completamente careca e nesse momento você me diz: “mas ele tava com cancer… ” E eu te respondo:

Reynaldo Gianecchini não estava doente nada, ele estava LUTANDO!

Lutando preocupado, lutando ferozmente e lutando pra ficar vivo. A resposta da sociedade para esse tipo de situação é a mesma que os meus amigos, parentes e Twitteiros de plantão me dão. A MESMA força, apoio e carinho que o “geani” agradeceu num desses programas matinais de culinária com papagaios fantoches.

Não quero servir de incentivo para que todos os doentes de tricotilomania/tricotilofagia raspem a cabeça. Também não quero que o primeiro passo da sua doença seja sair dizendo pra todo mundo que você arranca cabelo mas sim, quero que você se olhe no espelho e se sinta humana. Que olhe bem mais pra dentro e enxergue a doença que há dentro de ti.

Quero que queira brigar com a doença e não com você mesma.

“Cada ser humano tem a sua incapacidade de viver, mas a pior todas sempre será a incapacidade de aprender com os seus próprios erros.”

Não é a sua mão que arranca seu cabelo. É a doença que move sua mão.

Do que você tem vergonha?

“A disciplina pesa gramas enquanto a culpa pesa toneladas.” ( assista aqui a entrevista http://www.youtube.com/watch?v=co2Nbfvjmjo )